Uma freiada brusca bastaria
bastaria o pânico de um grito
o forte ruflar bastaria das asas do destino
e o dedo do medo no gatilho
detonaria a bala.
Mais uma flor de juventude tombaria
numa poça de sangue e impunidade.
E o mundo continuaria a lamber
e a virar as páginas dos dias.
Os ônibus continuariam a levar
passageiros sentados a olhar o pânico
disfarçado na paisagem das ruas.
E o delinqüente continuaria no crack da sarjeta
a jogar o vídeo game da espera de outro ônibus
de outro ônibus e mais outro e de mais outro…
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Tomba da essência apenas a aparência.
Uma pétala cai do olhar da cerejeira.
Rui o não-ser das pálpebras do ser.
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Na Escola Municipal Tasso da Silveira
bairro do Realengo
zona oeste do Rio de Janeiro
7 de amargo abril 2011
onze crianças foram assassinadas.
Cada bala matou
a infância nos meus versos.
Pelo buraco dos fonemas
esvaiu-se a vida
na hemorragia insana.
A morte dessas crianças
esvaziou o poema
esvaziou a poesia
esvaziou-me na cova das palavras.
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