quinta-feira, 17 de maio de 2012

A BOCA

ADÉLIA PRADO
Se olho atentamente a erva no pedregulho
Uma voz me admoesta:Mulher!mulher!
Como se dissesse:Moisés, Moisés
Tenho missão sobre os ombros E só quero vadiar

Um nome para mim seria a boca ou a sarça ardente e a mulher confusa
Ou melhor ainda a boba grave
Gosto tanto de feijão com arroz
Meu pai e minha mãe se privaram
da metade do prato pra me engordar
Sofreram menos do que eu
Pecaram exatos pecados
Voz nenhuma me perseguiu
Quantos sacos de arroz já consumi?
Ó Deus, cujo reino é um festim
a mesa dissoluta me seduz
tem piedade de mim

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